Tempos atrás escrevi um artigo sobre as 7 coisas para uma vida melhor e um dos tópicos falava sobre a importância das pessoas. No trecho do artigo, eu falo sobre como é importante você ter pessoas próximas, que estão alinhadas ao que você acredita ser a vida que busca e quer construir. Eu vou chamar isso de transformação.
E se você busca transformação, isso certamente passará pelo grupo de pessoas que compõem o seu dia-a-dia. E essa é uma decisão difícil de ser tomada porque ela mexe na estrutura da sua vida e, invariavelmente, na sua essência, conforme os objetivos que você se propôs.
Uma transformação passa por nova rotina, que poderá virar um hábito e depois, um comportamento permanente — que é onde eu quero chegar com algumas mudanças que propus pra mim.
No livro “O Poder do Hábito”, Charles Duhigg fala sobre os resultados obtidos por um grupo de pesquisadores que apontam dois ingredientes para as transformações: fé e comunidade.
Vou falar sobre eles.
Começando pela fé.
No livro, o autor cita os resultados de pesquisas do grupo Alcohol Research Group — que entrevistaram participantes do A.A. (Alcoólicos Anônimos).
Esses pesquisadores notaram padrões de respostas quando essas pessoas eram perguntadas sobre como conseguiram largar o vício e em todas elas havia um mesmo ingrediente: fé. Para eles, esse foi o primeiro dos ingredientes da transformação.
E eles não estavam falando da fé em Deus, necessariamente. Mas na fé como crença. As pesquisas revelaram que uma vez que as pessoas aprendiam a acreditar em alguma coisa, essa habilidade começava a transbordar para outras partes de suas vidas, até que começavam a acreditar serem capazes de mudar. A fé, portanto, era chave para a mudança de um hábito para um comportamento permanente.
Se você pratica atividades físicas sabe o que estou dizendo: o simples ato da prática cria um efeito em outras áreas, como por exemplo, a busca por uma alimentação mais equilibrada, melhores noites de sono, convívio com pessoas que também praticam exercícios e por aí vai…
Essas mudanças de hábitos são conhecidas como pequenas vitórias. E são as pequenas vitórias que irão alimentar as grandes transformações na sua vida.
O segundo ingrediente é a sua rede de apoio (no livro, o Duhigg usa o termo comunidades).
Ainda conforme os pesquisadores do Alcohol Research Group, quando as pessoas se juntam a grupos em que uma mudança parece ser um objetivo possível, o potencial para que essa transformação ocorra se torna mais palpável.
Esse também é um comportamento comum em equipes esportivas ou mesmo quando você precisa de apoio para uma mudança que pretende fazer: de começar a praticar uma caminhada à tirar do papel aquele projeto que você sempre quis.
No livro 21 lições para o século XXI, Yuval Noah Harari fala sobre o poder dessas conexões: “…a individualidade é um mito. Humanos raramente pensam por si mesmos. E sim, pensamos em grupos. Assim como é preciso uma tribo para criar uma criança, é preciso uma tribo para inventar uma ferramenta, resolver um conflito ou curar uma doença”.
Esse senso de pertencimento aumenta também seu envolvimento e compromisso com as coisas que se propõe a fazer. Com isso, suas chances de atingir seus objetivos, quando eles são compartilhados, são maiores.
Se você precisa de uma prova disso, experimente fazer um trabalho de maneira voluntária e vai ver o quanto isso é transformador. E pode ser coisas simples, mesmo (recentemente escrevi uma série de meditações com um amigo que trabalha com áudio imersivo e foi impressionante como as coisas fluíram bem — simplesmente porque havia um objetivo comum e mais que isso, pessoas que seriam beneficiadas).
Howard Schultz, o homem por trás da marca Starbucksdiz que “se você diz às pessoas que elas possuem o que é necessário para dar certo na vida, elas provam que você tem razão”.
Ser uma pessoa boa e saudável é um objetivo que eu tenho.
E como eu posso fazer isso? Eu tive a sorte de ter bons amigos, pessoas com índole e caráter, então, isso tem me ajudado muito nesse processo eterno de aprendizado e sim, eu presto atenção no que eles fazem, pergunto, peço que me ensinem como ser uma pessoa melhor. Tenho amigos que meditam, que fazem calistenia, CEOs de startups que manjam muito de negócios e gestão, que não tomam bebida alcoólica, que malham todos os dias, os que são criativos, que voam na área de vendas, os que sabem como escolher um carro, os que me ensinam sobre inovação, aqueles que indicam músicas e seriados, aqueles que indicam restaurantes e locais para viajar.
Essa rede de apoio é onde me abasteço quando preciso de novos caminhos e direções. E são esses caras que vão dizer — quando eu preciso ouvir: siga em frente, irmão!
E eu acredito que sempre tenha sido um bom observador e é com essas pessoas que eu aprendo todos os dias — como meu pai me ensinou.
Também é importante saber que, se você estiver aberto ao novo, à uma transformação, você estará vulnerável. E é exatamente nesse momento que as pessoas que fazem parte da sua rede de apoio entrarão em ação. Eles irão auxiliar você na tentativa de buscar novos caminhos ou, algumas dessas pessoas não estarão com você. E tudo bem. Por mais que doa, você terá que tomar suas decisões e se responsabilizar por elas. Mas, se você está buscando algo melhor, não se culpe.
Separei esses trechos do livro do Duhigg:
“Um movimento começa devido aos hábitos sociais da amizade e aos laços fortes entre conhecidos próximos.
Ele cresce devido aos hábitos de uma comunidade e aos laços fracos que unem vizinhanças e clãs.
E ele perdura porque líderes de um movimento dão aos participantes novos hábitos que criam um novo senso de identidade e sentimento de propriedade”.
Você pode usar cada um desses princípios para gestão da sua vida, para gestão das suas amizades, dos seus propósitos e também dos seus negócios. Só não pode esquecer da importância das pessoas nesse processo.
Pra fechar, quero compartilhar com você um trecho do discurso “homem na arena”, do presidente Roosevelt:
“As pessoas que me amam, aquelas com quem realmente posso contar, nunca são os críticos que me apontam o dedo quando fracasso. Também não estão na arquibancada me assistindo. Elas estão comigo na arena, lutando por mim e segurando a minha mão”.
Artigo por Renato “Minas” Buiatti, educador e cofounder da How.