Lançado na segunda quinzena de dezembro de 2019, o Design 2020 é um projeto apresentado por Vitor Guerra, seu idealizador como “uma visão brasileira e colaborativa sobre design, produto e comunidade”.
Sobre o idealizador do Design 2020
Vitor Guerra é Product Leader no Reclame Aqui teve uma sacada: criar um projeto colaborativo e convidar profissionais de design para falar sobre suas visões e apostas para o ano no mundo do design. Vitor foi o curador e principal patrocinador do projeto.
Sobre a ideia
A ideia do projeto não é nova, mas Vitor só startou o projeto em outubro de 2019. A ideia foi apresentada para um número pequeno de líderes em design que toparam imediatamente fazer parte do projeto. Com o ok de todos os convidados, Vitor fez uma nova leva de convites, totalizando mais de 80 respostas positivas — alguns desses convidados não conseguiram criar seu conteúdo. Desses, 46 fizeram seus artigos sobre o que irá acontecer no mercado de design para o ano de 2020. A ideia era que cada um desses convidados apresentassem seus pontos de vista sobre um futuro próximo para o mercado de design brasileiro.
Conheça um pouco mais do projeto nesse vídeo publicado pelo canal Design Team:
Convidados
Entre os convidados estão Wagner Silva (Designer de Produto Senior, C6 Bank), Karen Santos (Product Designer na PicPay), Bruno Rodrigues (Consultor, Conjunto de Ideias), Karina Rodrigues de Moura (UX Designer Especialista em Interfaces Conversacionais, Mutant) e Livia Gabos (Instrutora na Alura). Os temas abordam a inclusão, acessibilidade, formação e organização de times de design, pesquisas, UX, liderança em design, IoT, UI, desenvolvimento de produtos e o design estratégico, inteligência artificial, design system, narrativas, ética e privacidade e assistentes de voz, entre outros.
Alguns highlights
Na contramão dos leads de textos da internet
Na contramão do que acontece no dia a dia para quem está no corre-corre e só lê os títulos, os artigos são densos. Vitor destaca que a ideia era apresentar conteúdo relevante para a comunidade de design.
Pensando na inclusão, os artigos receberam suas versões em áudio — para podcasts — que você pode conferir no canal do Spotify.
Amostragem
Quando fez o levantamento dos convidados, Vitor viu que a grande maioria dos designers eram homens, brancos, o que despertou a necessidade de ampliar o olhar e criar um projeto inclusivo. Alguns dos artigos tratam essencialmente dessas questões: inclusão, diversidade e questões político-sociais.
Alguns insights do projeto
Selecionei alguns trechos de artigos para compartilhar com você:
Acessibilidade como ponte de empatia para o diverso, da Livia Cristina Gabos Mendes:
“Existe uma questão sobre acessibilidade que observo há algum tempo. A não ser que você tenha uma deficiência ou tenha passado por uma necessidade temporária de falta de acesso, existe uma probabilidade de você não vai ligar para acessibilidade. Dependendo das situações do seu dia-a-dia e do nível de acessibilidade que você necessita em um determinado momento, você provavelmente não vai associar isso a acessibilidade. Como quando você está com pouca bateria, na rua com dificuldade para enxergar algo na sua tela por conta da falta de contraste do aplicativo.
Isso não acontece sempre, é claro. Existem pessoas que se preocupam com o próximo de diferentes maneiras. Esse nível de preocupação que diferencia os sentimentos de pena, simpatia e empatia, como descrito no artigo do Grupo Nielsen [1]. Quando uma pessoa não entende o que as outras pessoas passam, sendo as situações diferentes da sua, normalmente existe o sentimento de pena. Você não sabe muito bem o que fazer, mas você pode pensar que é importante ajudar as outras pessoas. Aí está o problema! Quando existe esse tipo de pensamento, você se coloca como superior às outras pessoas, como se fosse um favor desenvolver algo para resolver o problema delas”.
“Vieses racistas: como combatê-los no design”, da Karen Santos. Selecionei um trecho:
“Podemos pensar em duas causas de viés racial na tecnologia: o viés de dados e o viés do criador.
No caso do viés de dados, o problema parte justamente dos conjuntos de informações usados para treinar softwares poluídos com preconceitos e suposições. Esses preconceitos são aprendidos e memorizados por instruções que devem ser seguidas ou executadas.
Quando pensamos pelo viés do criador estamos falando daqueles que projetam e desenvolvem o software e, que não se preocupam com todos os usuários finais. Por exemplo, um engenheiro branco escrevendo algoritmos que se concentram apenas em pessoas como ele, ou UX’s Designers que só realizam testes de usuários em pessoas parecidas”.
Outro artigo que chama atenção é o do Bruno Rodrigues, “Você não sabe nada” que trata de um tema relativamente novo: o UX Writing. Confira:
“Quando bem pensado e executado, o UX Writing é um instrumento capaz de desviar da subjetividade na comunicação e agir com a objetividade de uma palavra certa e bem escolhida. Ele é capaz de criar uma informação muito mais cristalina daquela que (ainda) encontramos nos produtos para interfaces móveis, e assim agilizar a tomada de decisão dos usuários.”
Last, but not least: Pensando na inclusão, os artigos receberam suas versões em áudio — para podcasts — que você pode conferir no canal do Spotify.
Curtiu? Então, dá um check na plataforma do Design 2020.
Renato “Minas” Buiatti é educador e cofounder da How.