“A responsabilidade de priorizar acessibilidade deveria ser de todas as áreas, passar por todas as frentes de trabalho, pois sem testar as soluções com pessoas diversas, sem profissionais diversos dentro dos times, não há abertura suficiente para se pensar em um melhor acesso para todos”. Paulo Aguilera (Design Ops & Acessibilidade Digital, Banco Carrefour).
Esse é um trecho do artigo “O que 2021 promete, além da vacina? Design Ops e Acessibilidade!” do Paulo escrito para o projeto Design2021, um super projeto encabeçado pelo Vitor Guerra.
O Paulo é um estudioso do tema desde o ano de 2016 e facilitador de bootcamps sobre a área. Essa conversa de hoje é para apresentar alguns princípios e boas práticas de Acessibilidade Digital com você.
O começo de tudo
O primeiro ponto que merece destaque aqui é a frase de Tim Berners-Lee, o criador do WWW:
“O poder da Web está em sua universalidade. O acesso de todos, independentemente da deficiência, é um aspecto essencial.”
Se web deve ser para todos, a acessibilidade digital deveria ser pauta para todas as empresas e organizações e isso está apoiado em pelo menos dois pilares — entre tantos outros:
1. permitir que todas as pessoas, independentemente do seu momento, tenham acesso aos seus produtos;
2. do ponto de vista de negócios, ampliar a possibilidade de entrega do produto digital da empresa para o maior número possível de clientes.
Mas, afinal o que é acessibilidade digital?
Acessbilidade é sobre fornecer acesso, independente da pessoa ter algum tipo de deficiência ou limitação.
Para o W3C, Acessibilidade Digital “…é a possibilidade e a condição de alcance, percepção, entendimento e interação para a utilização, participação e a contribuição, em igualdade de oportunidades, com segurança e autonomia.”
Acessibilidade faz parte da experiência do usuário (UX). Para tratar de uma especialidade ou área que coloca o usuário como centro dos seus objetivos no desenvolvimento de soluções, é necessário que se leve em consideração as suas características, vivências e diferentes necessidades.
Quem se beneficia
Esse é um tema que o Paulo sempre traz à tona: quais são as pessoas que se beneficiam das práticas de acessibilidade digital:
Eu, você, seus pais, avós e todos que precisarem acessar seu site, app, sistema, etc.
W3C — o início
O World Wide Web Consortium (W3C) é um consórcio internacional em que organizações filiadas, uma equipe em tempo integral e o público trabalham juntos para desenvolver padrões para a web.
O W3C já publicou mais de cem padrões, como HTML, CSS, SVG e muitos outros. Todos os padrões desenvolvidos pelo W3C são gratuitos e abertos, visando garantir a evolução da web e o crescimento de interfaces.
Tipos de deficiência
São 3, os tipos de deficiência que temos em algum momento de nossas vidas:
- Permanente: uma pessoa pode nascer sem um membro do corpo, por exemplo.
- Temporária: pense um jogador de futebol que pode ter sofrido uma lesão.
- Situacional: uma pessoa segurando as compras do supermercado em uma mão ou carregando uma criança.
Demografia da pessoa com deficiência no Brasil
Segundo a cartilha Censo 2010 — pessoas com deficiência, esses são os números de pessoas com deficiência no país:
- mais de 45 milhões de pessoas possui algum tipo de deficiência, seja ela leve, moderada ou severa. — 1 em cada 4 pessoas possui algum tipo de deficiência
- Cerca de 20% possuem algum tipo de deficiência visual
- Cerca de 7,0% possuem algum tipo de deficiência física / motora
- Cerca de 5% possuem algum tipo de deficiência auditiva
- 14 milhões de pessoas possuem deficiência severa
Lei Brasileira de Inclusão
A LBI é uma lei que entrou em vigor em 6 de julho de 2015. Um artigo da lei diz que “É obrigatório que páginas web mantidas por empresas com sede ou representação comercial no Brasil sejam acessíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente.”
WCAG
O Toolkit de Acessibilidade é um guia com os princípios e boas práticas de acessibilidade. O documento apresenta 4 princípios, 13 recomendações e 78 critérios. Vamos falar dos princípios.
Os 4 princípios de acessibilidade:
1. Perceptível
2. Operável
3. Compreensível
4. Robusto
1. Perceptível
A informação e os componentes da interface precisam ser apresentados aos usuários em formas que eles possam perceber.Exemplos: Texto alternativo, legendas, contraste de cores, etc
2. Operável
Os componentes de interface e a navegação precisam ser operáveis.Exemplos: Acessível via teclado, finalidade do link, ajuda e atalhos, etc.
3. Compreensível
A informação e o funcionamento da interface precisa ser compreensível.Exemplos: Texto de fácil entendimento, ajuda e correção de erros, elementos familiares, etc.
4. Robusto
O conteúdo precisa ser interpretado com clareza por diversas tecnologias, sendo capaz de acessar o conteúdo conforme a evolução delas.Exemplos: Especificação HTML, resoluções, sistemas operacionais, etc.
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