O que você vai ler nesse artigo:
– lifelong learning e sua aliada: as micro-credenciais
– quais agentes podem oferecer as badges digitais
– para quem são as badges digitais
– o que contém o produto badge digital
Se você tem claro que sua carreira depende e dependerá cada vez mais do aperfeiçoamento e desenvolvimento de habilidades, então, acredito que o termo lifelong learning faça parte do seu vocabulário. A ideia do aprendizado contínuo vem sendo difundida por anos e é uma realidade para profissionais — principalmente aqueles de áreas de alta demanda, como, por exemplo, tecnologia e experiência do usuário — empresas que entendem a necessidade de capacitação de seus colaboradores e governos que sabem que a qualificação oferecida pelas instituições não é suficiente para cobrir o gap com o mercado de trabalho. E é justamente nesse cenário que dois outros termos ganham cada vez mais destaque e relevância: as micro-credenciais ou badges digitais.
É sobre esses dois termos que vou tratar nas próximas linhas. Vou iniciar apresentando o termo:
Micro-credenciais — O que são
As micro-credenciais, também conhecidas como badges digitais, funcionam como validações e certificações de cursos ou formações de curta ou média duração, oferecidas não apenas por instituições de ensino, mas, também por comunidades nichadas, edtechs e empresas. Alguns exemplos de como esses agentes podem oferecer as micro-credenciais:
– Instituições de ensino: cada módulo de uma pós-gradução poderia receber uma micro-credencial ou melhor: a pessoa poderia escolher apenas um módulo dessa mesma pós para fazer.
– Comunidades nichadas: uma comunidade para pessoas LGBTQ+ que cria um projeto de parceria com uma edtech para qualificar pessoas que fazem parte da comunidade oferecendo formações para carreiras onde a representatividade ainda é baixa — como por exemplo, carreiras em TI.
– Edtechs: acredito que grande parte dessas startups nascem já com esse DNA: identificar gaps e vãos entre o que as instituições de ensino tradicionais propõem e o que o mercado de trabalho de fato necessita. Tudo isso traduzido em formações práticas, imersivas e que podem ser aplicadas imediatamente no dia a dia do trabalho.
– Empresas: através da qualificação de seus profissionais ou formação de pessoas que não são parte do seu quadro de colaboradores, buscando suprir carências de demandas atuais ou futuras. Aqui é importante citar empresas como a IBM — com mais de 3 milhões de micro-credenciais já concedidas -, além da Zappos e a Adobe, que também estão firmes no propósito de qualificar pessoas com cursos e formações de curta e média duração.
O produto badge digital — como é
Como qualquer produto digital, as badges digitais carregam uma série de componentes e elementos. As informações que podem estar contidas nas micro-credenciais são flexíveis e podem variar de um agente para outro, mas, geralmente, elas trazem dados como:
– a instituição que forneceu o treinamento/curso
– período de realização e duração do curso
– dados da pessoa certificada: como nome e documentos de identificação da pessoa aluna
– conteúdo do treinamento/curso
– data da emissão da badge
Badges digitais para todas as pessoas
Por se tratar de validações para formações de curta e média duração, as badges digitais conseguem atingir um grande número de pessoas, considerando fatores como a variedade de opções oferecidas pelos agentes já citados, investimento compatível com as diferentes realidades — aqui temos desde as formações gratuitas até aquelas que exigem grandes investimentos financeiros — e disponibilidade de tempo de cada um. Para ser mais claro: elas irão suportar formações para pessoas de diferentes classes sociais, etnias, faixas-etárias, nível de educação ou grupos socioeconômicos. Além disso, as micro-credenciais são ideais para pessoas que estão com defasagens pontuais de habilidades demandadas pelo mercado.
Por que as badges são importantes
Aqui, apresento dados da última edição do relatório Future of Jobs, do World Economic Forum, considerando as empresas, as pessoas e as habilidades. Vou começar pelo ponto de vista das empresas:
– Líderes das empresas acreditam que de cada 10 colaboradores, 4 precisarão passar por processos de requalificação em formações ou treinamentos com tempo inferior a seis meses. O saldo do COVID acelerou a automação e adoção de novas tecnologias em diversos mercados e o aprendizado para lidar com esses novos modelos terá que ser ágil, prático e pontual. Esses líderes acreditam que 90% dos colaboradores terão que adquirir novas habilidades no ambiente de trabalho. Quarenta e três por cento das empresas pesquisadas indicaram que devem reduzir sua força de trabalho, enquanto outras 34% planejam expandir sua força de trabalho — ambas motivadas pela integração de tecnologia.
– Para as pessoas, a urgência também é sentida: o ritmo exigido por essas mudanças não contempla e não pode esperar pelas formações de longo prazo. Com isso, as pessoas terão que se desdobrar entre o trabalho e essas atualizações constantes de habilidades. Mas, o mais importante nessa equação é que eles farão isso conforme o tempo que dispõem e isso, definitivamente, não é igual entre pessoas com diferentes perfis e necessidades. A flexibilidade das micro-credenciais é um fator que pode ser determinante para o triunfo do modelo.
– O desenvolvimento de habilidades é, em resumo, a força motivadora de empresas e pessoas. O relatório indica que as lacunas de habilidades são altas, mas preocupam ainda mais porque elas passarão por transformações enormes nos próximos anos. Empregadores informam que os grupos de habilidades com grande crescimento e que merecerão destaque até o ano de 2025 incluem o pensamento crítico e análise, a resolução de problemas e habilidades de autogestão, como aprendizado ativo, resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade. Nenhuma dessas habilidades retratadas pode esperar por longos períodos de tempo para serem adquiridas.
Considerações finais
– Acredito que o aprendizado baseado no desenvolvimento de habilidades é o mais adequado para esse momento justamente porque prioriza o que cada pessoa é capaz de realizar.
– A possível desconfiança sobre o modelo de micro-credenciais pode ser combatida com o uso de tecnologias como o blockchain, que garantiria a transparência para o formato e se certificaria da idoneidade das empresas certificadoras.
– O formato é uma forma de enriquecimento do currículo como ele deveria ser: o que cada pessoa deve fazer para se encaixar em um mundo onde o lifelong learning não é mais uma opção.
E você, acredita que as badges digitais ou micro-certificações podem contribuir com a sua carreira?
Artigo por Renato “Minas” Buiatti, educador e cofounder da How.