Batemos um papo com Bruno Rodrigues, especialista em Marketing Digital e Estratégia para Gestão Conteúdo (UX Writing, Webwriting e Arquitetura da Informação) com experiência no gerenciamento de projetos e produtos, liderança de equipes multidisciplinares e consultoria para grandes empresas e autor dos livros ‘Webwriting — Pensando o texto para mídia digital’ (2000), de ‘Webwriting — Redação & Informação para a web’ (2006) e de ‘Webwriting — Redação para a mídia digital’ (2014). Além destes, Bruno está com um livro saindo do forno, “Em busca de boas práticas de UX Writing”, abordando o tema que vem estudando por muitos anos: o texto para produtos digitais baseados na experiência do usuário.
Bruno destaca alguns pontos — que classifica como “sementes” — para a construção do UX Writing:
- Semântica — para Bruno, esse é o ponto principal do UX Writing: como escolher palavras que serão extremamente úteis e que possam orientar o usuário, mesmo quando este está cercado de estímulos que podem desviar sua atenção do conteúdo gerado? A proposta é que o UX writer faça um mergulho no universo da fala e escrita do usuário para identificar expressões e palavras adotadas no cotidiano dessa pessoa ou grupo de pessoas. A pergunta que deve ser feita para chegar a essas conclusões é: Quais as palavras e expressões que devem ser utilizadas?
Esse trabalho de aprofundamento no universo do usuário vai dar origem ao Dicionário de Vocabulário Controlado, um documento que irá catalogar essas palavras e expressões para que possam ser replicadas para o perfil de usuário que se pretende atingir.
- Arquitetura da Informação — aqui, entram as 4 palavras de ordem da Arquitetura da Informação:
– Organização: como a informação se organiza e como se dão seus desdobramentos, de maneira orgânica.
– Navegação: que está diretamente ligada à fluidez da organização
– Rotulação: que é basicamente o UX Writing, a junção entre semântica e arquitetura da informação.
– Busca: tem suas origens no termo mecanismo de busca, que também é um termo muito difundido e que está diretamente ligado à arquitetura da informação.
- Microrredação: o microcopy é uma consequência das duas primeiras sementes do UX Writing: semântica e arquitetura da informação. Depois do mergulho que é feito no universo da fala e da linguagem do usuário e depois de entendido o raciocínio para a associação de dados e diálogos, a microrredação irá resultar nessas palavras e expressões corretas e será utilizada em conversas em plataformas e ferramentas como chatbots, em produtos digitais, assistentes de voz, aplicativos ou conversas de uma marca com o seu público.
Quer mais?
SELECIONAMOS ALGUNS TRECHOS DESSA CONVERSA PARA VOCÊ:
1. QUAIS SÃO AS SKILLS QUE VOCÊ CONSIDERA IMPRESCINDÍVEIS PARA O PROFISSIONAL DE UX WRITING?
Considero duas skills: a primeira é perceber que o texto final em UX Writing é o resultado de um processo que depende do mergulho no campo semântico dos públicos e depois na construção da arquitetura da informação. Normalmente, UX Writing não é uma área de textos corridos como a gente está acostumado. Quando você fala de UX Writing, você está lidando com palavras como se fossem peças de Lego, pedacinhos e partes que funcionam como orientação para os usuários. Então, o UX Writing não é um processo de redação de textos e sim, de escolhas de termos e expressões. Segundo: o ato de escrever é a preocupação com quem vai absorver essa informação, um trabalho quase obsessivo de se preocupar em como a mensagem está chegando aos públicos. É um raciocínio do tipo: “as palavras, o campo semântico, em que eu estou atuando, escolhendo, pinçando para comunicar, são esses os termos e expressões corretas?” Então, é completamente diferente da redação tradicional.
2. QUAIS AS DIFERENÇAS ENTRE WEBWRITING E UX WRITING?
Webwriting é redação para sites, portais, e redes sociais. UX Writing é você pensar não em textos, mas expressões, termos, palavras, mergulhar no universo da fala e da escrita dos seus públicos, para usar essas partes como forma de orientação. Enquanto Webwriting conversa, o UX Writing orienta.
3. COMO É O DIA A DIA DE UM PROFISSIONAL DE UX WRITING?
O dia a dia é basicamente de redação, mas o UX Writing é mais voltado para estudo de público, comportamento, teste com público. Não que no Webwriting você não adote esses procedimentos, mas os testes são de longo prazo. Essa é a grande diferença de testes no UX Writing: o tempo todo você tem que ser cirúrgico, minucioso — tudo é pra ontem — para saber se aquilo que você está usando, está orientando o usuário da maneira certa. A comunicação do Webwriting pode esperar um pouquinho mais para ser testada.
4. COMO UX WRITING PODE CONTRIBUIR PARA O SUCESSO DE UM PRODUTO DIGITAL?
Ele contribui com a criação de uma linguagem real, espelho do que o público fala e escreve, tornando essa linguagem realmente cristalina, com o uso dos termos certos. Como consequência disso, a comunicação flui, é mais dinâmica, as decisões são tomadas de uma maneira muito mais rápida e isso, dentro de uma organização, é o que realmente importa e o que justifica o investimento em profissional, equipe e atividade de UX Writing.
Renato “Minas” Buiatti é educador e cofounder da How.