E a busca pelo roteiro ideal
Obs: Esse artigo sobre UX Design foi criado por Carol Sá (Sócia e designer de experiência na Estúdio Coloio), Flávio Rafael (Product designer e professor, Lab74), Jéssica Costa (UX/UI Design, Arquiteta e Urbanista, Mestre em Engenharia Urbana e Ambiental, Profissional de Organização), Marcelo Serikaku (UX/UI Designer, Graphic Designer, Art Editor) e Marcelo Tiago Moreno (Brand Designer, Target Brasil).
Era uma vez a terra encantada do curso de UX. Éramos cinco jovens sonhadores e tudo que queríamos era resolver os problemas do mundo através do design. Nosso conto de fadas começou com uma hipótese de problema. Apostamos na proposta de “como melhorar a experiência nos aplicativos de carona remunerada para o público 60+”. Com isso, definimos nossa matriz CSD, fizemos nossa desk research e recrutamento para entrevistas. E assim, em nossos sonhos, bastaria sacudir a varinha de condão e magicamente a solução se desenharia a nossa frente.
Qual não foi nossa surpresa quando, logo de saída, parecíamos ter chegado à terra do nunca ache que as coisas são tão fáceis. As pessoas 60+ que entrevistamos não tinham dificuldades em usar aplicativos de carona, alguns já usavam o smartphone até para acessar contas de banco (WHAT?!). Entretanto, na busca de entender melhor as dificuldades dos passageiros idosos, chegamos até a Anna, uma motorista de aplicativo. E foi aí que ouvimos um chamado da força! Ela nos mostrou vários problemas pelos quais os motoristas passam e que nem imaginávamos existir. Precisávamos tomar uma decisão: continuar na estrada de tijolos amarelos do público de terceira idade ou viajar a uma galáxia muito distante em busca das oportunidades para esta categoria.
Nossa primeira lição no treinamento jedi foi entender que é comum mudar o caminho do projeto a partir de oportunidades que surgem na fase de pesquisa. Fizemos uma nova matriz CSD, desk research e pesquisa quanti e quali. Com base nisso, definimos nossa persona, painel de insights, job stories e mapa de empatia. Descobrimos que os grupos de whatsapp são quase como uma irmandade. Lá os motoristas se ajudam, trocam informações e, principalmente, se monitoram caso alguém esteja em uma situação de risco. Era isso! Já estávamos vislumbrando nossa solução. Não tínhamos dúvida que devíamos fazer uma interação entre o Whatsapp e o aplicativo de carona, facilitando o acesso ao monitoramento de segurança. Fechamos nosso primeiro diamante, definindo nosso problema. O lado sombrio estava prestes a cair.
Ledo engano. Mal sabíamos o que viria a seguir. Foi numa fria e escura noite de mentoria que tudo aconteceu. Apresentamos nosso caminho até então. Já estávamos prontos para começar a fase de ideação com o brainstorm. Mas então, para o espanto de nossa ingenuidade de jovens UXers, nosso mentor tocou num ponto fundamental e um frio na espinha se instalou: nossa ideia não era viável tecnicamente!
Fazer uma junção de aplicativos, principalmente de empresas tão grandes e estabelecidas no mercado exige uma complexidade técnica muito grande. Tentamos justificar que como um trabalho de um curso poderia ser interessante. Porém ele contra-argumentou que no dia-a-dia não era isso que iríamos fazer e tínhamos que lidar com soluções viáveis. Tentamos refinar nosso problema, mas sem sucesso. Seguir com aquela ideia era como fugir de uma ameaça por uma floresta sombria.
Então, fizemos o que qualquer pessoa sensata deveria fazer nessas horas: pedimos ajuda. Conversamos com outros mentores e mentoras que nos indicaram soltar o tema segurança e voltar um pouco na nossa pesquisa, rever todo o material e definir um novo problema. Foi um momento difícil. Respiramos fundo e revisamos tudo o que tínhamos até então. Estávamos diante do misterioso caso do problema perdido.
Aos poucos as pistas nos mostravam a possibilidade de auxiliar motoristas de aplicativo iniciantes. Nossa primeira hipótese era ajudá-los a encontrar os grupos de whatsapp — uma vez que esse primeiro encontro acontecia de forma ocasional em postos de gasolina e/ou indicação de conhecidos. Pensamos em uma plataforma onde os grupos poderiam disponibilizar informações e links para que novos motoristas pudessem entrar. Fizemos o brainstorm, jornada do usuário, mind map e MoSCoW. Porém, quem disse que os grupos querem disponibilizar essas informações na rede? Não tínhamos nenhum dado que confirmasse isso. Esse caso ainda estava longe de ser desvendado.
Voltamos à nossa investigação, revisamos todas as pistas, começamos a ligar os pontos e vimos a oportunidade de trabalhar com motoristas novatos que não estavam em nenhum grupo ou não tinham suporte. Assim nasceu o Guia Driver — um guia colaborativo com indicação de locais para comer, postos de combustível, serviços mecânicos e banheiros. Tudo isso baseado em parâmetros e avaliações de outros motoristas veteranos. Apresentamos aos nossos mentores e mentoras e eles concordaram que finalmente tínhamos um roteiro sólido para avançarmos para a fase de prototipação.
“Confie no processo e não se apaixone pela solução”
Essa frase nos guiou durante todo o curso. Se fosse um filme, nosso projeto estaria muito mais para um conto de fadas, numa galáxia distante, aterrorizada por um intrigante mistério, ou qualquer coisa do gênero. Definitivamente não seria um roteiro previsível. E essa é a melhor parte! Um projeto de UX exige o sonho de resolver um problema, a coragem de se aventurar por terras longínquas, alguns temores e, elementar meu caro Watson, muita investigação.
E se você curtiu nossa jornada, dá uma olhada na apresentação do nosso projeto clicando aqui.
Elenco
Jéssica — — — — — nossa fada sensata e Marie Kondo do Miro
Carol — — — — — nossa expert em tecnologia e UI
Flávio — — — — — que não deixava a peteca cair e nosso comunicador oficial
Marcelo Moreno — — — — — nosso gerador de ideias e designer gráfico
Marcelo Serikaku — — — — — nosso mediador e mestre do Figma
Bootcamp UX Design — próxima edição em setembro. Faça sua matrícula aqui.