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Storytelling: o que aprender caminhando nos ombros dos gigantes

Storytelling: o que aprender caminhando nos ombros dos gigantes

Renato "Minas" Buiati

Renato "Minas" Buiati

Esse artigo apresenta conceitos de storytelling, os motivos para criar histórias, um pouco da minha experiência com Robert McKee, um dos principais professores de roteiro de cinema do mundo, e algumas citações de grandes autores sobre como criar histórias relevantes.

O que é?

“Uma ferramenta de comunicação estruturada em uma sequência de acontecimentos que apelam para nossos sentidos e emoções”. Antonio Núñez, autor do livro É melhor contar tudo.

De forma bem simples e sem usar de maneirismos, storytelling é a contar histórias, uma forma de reorganizar fatos ou criar universos ficcionais.

Por quê contar histórias?
Retirei um trecho do livro Sapiens — uma breve história da humanidade, escrito pelo — já citado aquiaqui e aqui — historiador israelense, Yuval Noah Harari“Contar histórias eficazes não é fácil. A dificuldade não está em contar a história, mas em convencer todos os demais a acreditarem nela. Grande parte da evolução humana gira em torno desta questão: como convencer milhões de pessoas a acreditarem em histórias específicas sobre deuses, ou nações, ou empresas de responsabilidade limitada? Mas, quando isso funciona, dá aos sapiens poder imenso, porque possibilita que milhões de estranhos cooperem para objetivos em comum. Tente imaginar o quão difícil teria sido criar Estados, ou igrejas, ou sistemas jurídicos se só fôssemos capazes de falar sobre coisas que realmente existem, como rios, árvores e leões”.

Pode ser tão simples — e ao mesmo tempo inteligente — e divertida quanto esse depoimento de Ariano Suassuna, que conta a história de um convite para jantar logo após ter sido indicado para a Academia Brasileira de Letras — aliás, a simplicidade e o humor são temas que aproximam o leitor — ou espectador — da sua história.

Também podemos usar Jerome Bruner — um dos pais da psicologia cognitiva e líderes da chamada Revolução Cognitiva — como referência para o uso de storytelling. Para o psicólogo, um fato tem 20 vezes mais chance de ser lembrado quando está apoiado por uma história.

Onde buscar referências para escrever suas histórias.
Novamente, faço uso de alguns dos nomes mais importantes, como o de Ray Douglas Bradbury, autor do icônico Fahreinheit 451:
“Um escritor é um ímã passando por um mundo factual, pegando o que ele precisa”.

Um pouco da minha história com Mckee
No ano de 2010, fiz um curso com Robert McKee, um dos mais importantes nomes do mundo quando o assunto é o ensino de storytelling. McKee é professor de roteiro de cinema e autor do livro “Story: substância, estrutura, estilo e os princípios da escrita de roteiro”. Quando você vê a lista com os nomes dos autores que passaram pelo curso de roteiro de McKee você fica impressionado: são vários ganhadores de Oscars e prêmios como o Emmy, como por exemplo, Akiva Goldsman (Uma mente brilhante), Kirk Douglas, Peter Jackson argumentista de Senhor dos Anéis e Charlie Kaufman, do filme Adaptação, filme que apresenta um trecho em que Kaufman (interpretado por Nicolas Cage) procura o seminário de um famoso professor de roteiros em Hollywood (McKee) para terminar um trabalho para a indústria cinematográfica.

Write the truth
Foi um curso de 40 horas — 4 dias, 10 horas diárias — em São Paulo, com um McKee visivelmente irritado e sem a menor paciência, mas, com um domínio incrível sobre o tema. Em um dos dias, logo após o almoço, McKee autografou seu livro. Corri lá para ter o meu autografado e quando peguei o livro de volta, a mensagem era: write the truth. Um ensinamento que guardei pra mim e que tentei aplicar em todos os meus trabalhos depois daquele dia. Ainda no curso, McKee reforçou a ideia do storyteller procurar a verdade em si mesmo ou no dia a dia, nas coisas que vê, ouve e vivencia. Acredito que são esses os elementos que devem compôr a sua história ou história de sua marca.

A maior fonte de inspiração é a vida
Buscar inspiração nas coisas que acontecem no mundo real são excelentes fontes de inspiração para o storytelling. Anos atrás navegando por uma rede social, dei de cara com uma notícia que é storytelling puro: um goleiro de futebol de um time da segunda divisão do campeonato holandês havia perdido sua mãe — de 61 anos de idade — dias antes da realização do jogo. Vejam a reação da torcida adversária no minuto 61 do jogo:

Gostou do tema?
Listei para você as dicas de 
Kurt Vonnegut Jr, autor do livro Matadouro Cinco. Dá um check:

1. Use o tempo de um completo estranho de um jeito que ele ou ela não sinta que esse tempo tenha sido desperdiçado.

2. Dê ao leitor ao menos um personagem por quem possa se importar.

3. Todos os personagens devem querer algo, mesmo que seja só um copo d’água.

4. Toda sentença deve fazer uma de duas coisas: revelar o personagem ou fazer a ação caminhar.

5. Comece tão perto do final quanto for possível.

6. Seja sádico(a). Não importa se você conduz seus personagens de um jeito inocente e doce, faça coisas ruins acontecerem com eles — de um jeito que o leitor perceba do que eles são feitos.

7. Escreva para agradar apenas uma pessoa. Se você abrir uma janela e fazer amor com o mundo, por assim dizer, sua história vai ficar com pneumonia.

8. Dê aos seus leitores quantas informações forem possíveis e o mais cedo possível. Ao inferno com o suspense. Os leitores devem ter um entendimento tão completo do que está acontecendo, de onde e porque, de um jeito que eles possam terminar a história por conta própria, a menos que baratas comam as últimas poucas páginas.

Renato “Minas” Buiatti é educador e cofounder da How.

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