Foto: Bingo — O Rei das Manhãs | O filme de Daniel Rezende, em cartaz nos cinemas, relembra a guerra pela audiência na década de 1980
OBS: Artigo criado por Thiago Romariz (LinkedIn Top Voice | Global Head of Content & PR at EBANX), originalmente publicado aqui.
Publicar notícia em redes sociais é um processo simples, mas que esconde diversas decisões importantes. A imagem, a hora (falei sobre isso no artigo da semana passada), o target, o texto e a manchete são alguns dos elementos que compõem esse momento. Uma prática comum nos últimos anos é esconder e ludibriar o público para que ele clique na notícia, sem entregar nada do conteúdo. A atitude tem apenas um intuito: conseguir cliques e audiência. E será que isso vale a pena? Não.
Redes que convertem audiência para sites, como Facebook e Twitter, por exemplo, cada vez mais punem manchetes falsas ou clickbaits gratuitos — se hoje não o fazem com afinco, o tempo se encarregará de fazê-lo. Não é de hoje que a companhia de Zuckberg tenta limitar a customização de chamadas. Isso prejudica os produtores de conteúdo? Sim, pois nem sempre a chamada do site tem que ser igual a do Facebook ou de qualquer outra rede. No entanto, se você trata sua audiência da forma correta, sem julgá-la como um bando de clicadores sem propósito, essas mudanças não serão tão prejudiciais.
Uma prática comum nos últimos anos é esconder e ludibriar o público para que ele clique na notícia, sem entregar nada do conteúdo.
No Omelete, há pelo menos três anos, a regra no site, Facebook e Twitter é fazer a melhor manchete possível, sem esconder o cerne da notícia. Se um ator fez uma declaração polêmica, mostramos a declaração. Se um filme novo foi anunciado, falamos qual é o filme. Se uma série ganhou um novo ator, vamos falar quem é. A construção dessa chamada parte de uma análise de perfil da rede e público onde ela será feita, e termina na clássica discussão de manchete que qualquer redação de jornal tem desde sempre. Um misto de jornalismo digital e impresso, que acreditamos ser essencial para criar conteúdo. A regra do YouTube (e de plataformas prioritárias de vídeo) é outra, mas isso é assunto para outro texto.
O que descobrimos com o tempo e muita análise de dados é que isso não afeta nossa audiência negativamente. Pelo contrário, o público, com o passar do tempo, entendeu a “sinceridade” da página/perfil em relação às notícias e nos compartilha com muito mais afinco. No fundo, o clickbait atrai uma porcentagem menor de audiência, se pensarmos que cada pessoa atingida pela publicação também é um veículo em potencial. E se a chamada não dá a ela a verdadeira notícia (e isso normalmente a irrita), por quê ela compartilharia aquilo? Pare para pensar, você compartilharia?
No fundo, o clickbait atrai uma porcentagem menor de audiência, se pensarmos que cada pessoa atingida pela publicação também é um veículo em potencial.
Isso quer dizer que não usamos letras maiúsculas ou deixamos algo subentendido na manchete? Claro que não. Cada rede tem um tipo de linguagem e permite formas de comunicação que não se limitam ao texto básico e clássico. Com moderação pode emoji? Pode. Letra maiúscula, gif? Pode também. E o que mais se julgar necessário. O importante é o leitor ser atingido pela manchete certa e ter a informação completa dentro da matéria. Isso é informar. A maneira correta e atual de fazer isso é um resultado de uma combinação que foca em análise de dados, empatia com o público e estudo de comportamento. A partir disso, há como descobrir se é a hora de um smile ou de um grito em caps lock, sem nunca enganar o seu público.