Esse artigo foi escrito por nossa ex-aluna, Cintia Flores, e publicado originalmente aqui.
Facilitar a navegação por um site ou aplicativo, de forma rápida e intuitiva, precisa ser prioridade durante o processo de desenvolvimento, do início ao fim.
Em fevereiro de 2022, tive a honra de participar do Bootcamp Acessibilidade Digital, promovido pela How Bootcamps, sob a facilitação do Design Ops Lead & Acessibilidade Digital no Banco Carrefour, Paulo Aguilera Filho.
Além de contar com toda experiência do Paulo para nos guiar nessa jornada, ganhamos dicas valiosas sobre o tema com a participação da UX Writer Paula Völker, da UX Designer Janaina Borba e do Desenvolvedor no Nubank e produtor de conteúdo na Inclunet, Leonardo Gleison.
Participar deste bootcamp e ampliar meus horizontes sobre acessibilidade digital, só foi possível com o apoio da PretUX, comunidade que oferece apoio, direcionamento, mentoria e qualificação para os profissionais pretos de UX. Neste artigo, compartilho um pouquinho do que aprendi.
Ilustração: Mariana Gonzalez Vega (Uma sala colorida com vasos de plantas, quadros na parede ao fundo e um sofá. Um homem preto à esquerda com cabelos curtos, barba e óculos em pé, com uma caneca de café e um celular na mão. Uma mulher preta de cabelos nos ombros sentada no lado esquerdo do sofá com um computador. Uma mulher preta com cabelos presos sentada no lado direito do sofá com um tablet nas mãos. Um gato do lado direito do sofá.)
Em quatro dias de curso, tive acesso a muitos tópicos e exemplos práticos sobre o tema e que são extremamente importantes e devem ser considerados durante todo o processo de desenvolvimento de qualquer produto digital.
Tornar um serviço acessível e inclusivo começa quando pensamos nas formas de uso, sem ser exclusivo ou adaptado para um público A ou B. Por isso, há necessidade de se pensar em acessibilidade desde o início e não somente no final do processo.
Mas o que é acessibilidade?
Podemos aprender mais sobre acessibilidade na Cartilha de Acessibilidade na Web da W3C Brasil, que faz parte de um Consórcio World Wide Web internacional que tem como finalidade desenvolver padrões para a Web.
Ilustração de um cadeirante com um tablet nas mãos. Do lado esquerdo uma seta amarela e acima três círculos azuis. (Imagem: <a href=”https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/abstrato”>Abstrato vetor criado por vectorjuice — br.freepik.com</a>)
Para tornar produtos e serviços digitais inclusivos, temos alguns princípios e diretrizes da WCAG que são ferramentas guias que auxiliam na aplicação correta e completa das recomendações da W3C. Você pode acessar as principais diretrizes da WCAG no Guia WCAG com versões em português, inglês, espanhol e francês.
Diretrizes e recomendações da WCAG
As Diretrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web (WCAG) são divididas em 4 princípios, 13 recomendações e 78 critérios que atendem três níveis de acessibilidade:
- A (Precisa) — 30 critérios que atende aos requisitos “mínimos” e mais críticos da WCAG.
- AA (Deveria) — 30 critérios que inclui o nível A mais os critérios de nível AA.
- AAA (Poderia) — 28 critérios que incluem os níveis A, AA e AAA, pode haver alta complexidade.
Os quatro princípios que devem ser considerados são divididos nas categorias:
Perceptível: em que a informação e os componentes da interface precisam ser apresentados de forma que os usuários possam perceber, como texto alternativo e legendas;
Operável: quando os componentes de interface e a navegação precisam ser operáveis, como navegação via teclado;
Compreensível: quando a informação e o funcionamento da interface precisa ser compreensível com texto de fácil entendimento, por exemplo;
Robusto: onde o conteúdo precisa ser interpretado com clareza por diversas tecnologias, como resoluções e sistemas operacionais.
Quem ganha com isso?
TODOS. Eu, você, as pessoas com deficiência, sejam elas permanentes ou temporárias, o negócio, o seu produto.
Ilustração de um homem idoso, com cabelos e bigode cinzas, segurando um celular com a tela voltada para você. (Imagem: <a href=’https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/pessoas’>Pessoas vetor criado por freepik — br.freepik.com</a>)
Trago aqui um recorte apresentado pelo Paulo Aguilera Filho, que foi muito cuidadoso ao apresentar dados demográficos importantes sobre pessoas com deficiência e que são excluídas de vários serviços, porque muitos sites e aplicativos não seguem as diretrizes inclusivas que tornam a interação acessível para todas as pessoas.
De acordo com os dados do IBGE: PNS 2019, no Brasil são 17,3 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, sendo que 1 em cada 12 pessoas, possui algum tipo de deficiência, seja leve, moderada ou severa.
Além disso, 1 em 4 pessoas com deficiência é idosa (60 anos ou +), lembrando também, que a projeção do IBGE para os próximos anos, é uma tendência ao envelhecimento da população brasileira, chegando aos 57 milhões de pessoas idosas em 2042 (dados de 2018).
Ainda neste contexto apresentado pelo Paulo Aguilera Filho com os dados do Movimento Web para Todos, apenas 0,61% dos sites brasileiros estão acessíveis.
Mudança de paradigma
No Brasil existe a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que diz:
É obrigatório que páginas web mantidas por empresas com sede ou representação comercial no Brasil sejam acessíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Artigo 63
No entanto, os serviços digitais ainda não são inclusivos e há um longo caminho para tornar sites e aplicativos acessíveis a todas as pessoas. Cabe a nós, profissionais da área de negócios, tecnologia, design, informação e desenvolvimento pensar na resolução desse problema, aplicando as diretrizes de acessibilidade em todos os serviços digitais.
E para avançar nesse sentido, temos que ouvir e fazer testes de usabilidade com todas as pessoas, afinal o uso de qualquer produto acontece, independente da pessoa ter algum tipo de deficiência ou não.
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Um forte abraço e até a próxima!
Cintia Flores