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Estudo do mercado de startups unicórnios no Brasil, previsões para novas unicórnios do país, venture capitals e o Zebra Manifesto

Estudo do mercado de startups unicórnios no Brasil, previsões para novas unicórnios do país, venture capitals e o Zebra Manifesto

Renato "Minas" Buiati

Renato "Minas" Buiati

Fonte da foto: Ines Pimentel

Resumo do artigo:
– Introdução ao conceito de unicórnios e como as startups atingem esse valor em tão pouco tempo
– Os nove unicórnios brasileiros
– 10 startups que podem se tornar unicórnios
– Bolha das startups?
– Valuations, os fundos das venture capitals
– Tendências para investimentos no mercado brasileiro de startups
– Zebra Manifesto, inclusão e agendas de diversidades nas startups

Observação: Os dados apresentados nesse artigo foram retirados do estudo realizado pela Dataminer, área de pesquisa de mercado e inteligência de dados do Distrito.

As startups unicórnio — o começo de tudo
“Startups de tecnologia de capital fechado com valor de mercado superior a US$1 bilhão” Aileen Lee (Cowboy Ventures). Essa frase é de 2013, período em que haviam apenas 39 unicórnios o mundo. Hoje, segundo o CBInsights, existem 449 unicórnios. Números que também chamam a atenção são os das unicórnios brasileiras: em 2018, o país não possuía nenhuma empresa que se enquadrasse no termo. Atualmente, o Brasil possui 9 startups unicórnios (99, Nubank, iFood, Gympass, Loggi, Quinto Andar, EBANX, Wild Life, Loft). Em 2019, para se ter uma ideia, o país viu o surgimento de 5 novos unicórnios, ficando em terceiro lugar mundial na produção dessas empresas no ano. Ainda assim, quase 50% dos unicórnios são americanas e outros 25% estão na China.

Unicórnios — como se tornar um gigante?
Bill Gross, fundador da IdeaLab, incubadora americana, apresenta o que considera os principais fatores para se tornar uma gigante no mundo das startups:
– uma ideia inovadora
– um time eficaz
– um modelo de negócios bem traçada
– disponibilidade de capital
– timing (acertar o momento em que as pessoas entendem a necessidade de consumir essa nova ideia).

Como as startups atingem esse valor em tão pouco tempo?
O que permite o crescimento desse valor de maneira exponencial acontece por conta do modelo de investimento via venture capital, que basicamente consiste em investimentos em startups com potencial de negócio e crescimento para auxiliar sua aceleração. O objetivo é obter um grande retorno com esse tipo de investimento.
Os montantes investidos em venture capital dão conta desse movimento: em 2009, os valores foram de US$36 bilhões. Já em 2019, esse valor pulou para US$287 bilhões.

O fator de risco das venture capitals
Muitos dos negócios que recebem investimentos não terão resultados positivos, mas, as apostas são feitas porque, quando uma dessas empresas vinga, o valor investido inicialmente é multiplicado em centenas de vezes.

Os nove unicórnios brasileiros
Veja a lista de unicórnios brazucas, o período que cada uma se tornou unicórnio e seus modelos de negócios:

  • 1. 99
    Fundada com o 99Taxis por três ex-alunos da USP (Ariel Lambrecht, Paulo Veras e Renato Freitas), a ideia inicial era facilitar o acesso de passageiros a táxis convencionais.
    Outros serviços oferecidos pela startup são:
    – 99POP — serviço de motoristas particulares do aplicativo
    – 99 Empresas — plataforma de gestão de transporte corporativo
    – 99 Food — delivery de comida.
    Quando se tornou unicórnio? Janeiro de 2018.
  • 2. Nubank
    Iniciou como operadora de cartão de crédito internacional Mastercard, sem agências, sem tarifas, gerenciado pelo celular e com atendimento totalmente digital e personalizado.
    Outros serviços oferecidos pela startup são:
    – NuConta — conta corrente 100% digital
    – Rewards — programa de fidelidade.
    – Oferece também empréstimo pessoal
    Quando se tornou unicórnio? Março de 2018.
  • 3. iFood
    Marketplace de entrega de comidas.
    Outros serviços oferecidos pela startup são:
    – Serviço voltado a empresas
    – Entregas de compras de mercado
    Quando se tornou unicórnio? Novembro de 2018.
  • 4. Gympass
    Permite o uso de academias diferentes pagando uma única assinatura.
    Outros serviços oferecidos pela startup são:
    – Clientes corporativos.
    Quando se tornou unicórnio? Janeiro de 2019.
  • 5. Loggi
    Rede de logística para entregas com um sistema completamente online. A startup atende e-commerces, empresas e até pessoas físicas.
    Quando se tornou unicórnio? Junho de 2019.
  • 6. Quinto Andar
    Plataforma de busca de imóveis, com agendamento de visitas e contrato 100% online.
    Outros serviços oferecidos pela startup são:
    – intermediação da compra e venda de imóveis
    – reformas de apartamentos
    Quando se tornou unicórnio? Setembro de 2019.
  • 7. EBANX
    A empresa permite que usuários façam compras com formas de pagamento latino-americanas em empresas do mundo todo, especialmente países asiáticos e EUA.
    Quando se tornou unicórnio? Outubro de 2019.
  • 8. Wild Life
    Estúdio de desenvolvimento de games para smartphones.
    Quando se tornou unicórnio? Dezembro de 2019.
  • 9. Loft
    Atua no mercado de imóveis envolvendo praticamente todas as etapas desde o financiamento até a precificação, compra, reforma e venda de apartamentos.
    Quando se tornou unicórnio? Janeiro de 2020.

As 10 startups brasileiras que entram no páreo para se tornarem unicórnios:

  • 1. Buser
    Aplicativo de compra de passagens de ônibus para viagens intermunicipais. O valor da passagem é definido com base na quantidade de pessoas interessadas no mesmo trajeto, já que o valor total do serviço de frete é dividido por cada um dos usuários.
  • 2. Cargo
    Conecta empresas a caminhoneiros e tornar o transporte mais seguro e eficiente. Em 2017 a empresa cresceu 750% e dobrou de tamanho em 2019.
  • 3. ContaAzul
    SaaS para Gestão Financeira na nuvem focada em pequenas e médias empresas. O ContaAzul cuida da operação, automatizando processos e diminuindo a burocracia, atendendo a uma nova demanda de empreendedores contadores e/ou empresas que conseguem aumentar o tempo dedicado a questões mais estratégicas.
  • 4. Creditas
    Fornece produtos relacionados a crédito com garantia imobiliária ou automotiva. Seu modelo de negócios permite que ela ofereça taxas abaixo das praticadas em linhas de crédito pessoal ou cartões, por exemplo, chegando a um valor inferior até ao crédito consignado, um dos menores disponíveis.
  • 5. Dr.Consulta
    Oferece agendamento de consultas, exames laboratoriais e procedimentos simples. Além disso, conta com modelos de atendimento em parceria com a Sulamérica, fazendo parte do atendimento junto a planos de saúde e operando internações em 11 hospitais, incluindo o Hospital Oswaldo Cruz.
  • 6. MadeiraMadeira
    A MadeiraMadeira ganhou escala aprimorando seu modelo logístico e implementando o dropshipping (onde não existe estoque próprio e o produto é enviado diretamente do fornecedor para o consumidor final).
  • 7. Neon
    Oferece contas sem tarifas, cartões de créditos e investimento por meio de plataforma digital. Mesmo com a liquidação extrajudicial do Banco Neon, que operava suas transações, em 2018, a empresa segue crescendo em clientes, funcionários e investimento captado, agora em parceria com o Banco Votorantim.
  • 8. Olist
    Marketplace dos marketplaces. Oferece soluções ao lojista que quer vender em diversos canais digitais, facilitando a integração tecnológica, de gestão e logística em um só local.
  • 9. Resultados Digitais
    Seu carro-chefe é o software RD Station, para atender às necessidades de pequenas e médias empresas que buscam adquirir e reter clientes, crescendo por meio da avaliação de leads e comunicação online. Além do RD Station, a Resultados Digitais também organiza o RD Summit, o maior evento de marketing digital e vendas no país, e produz conteúdo voltado a educar empreendedores sobre a importância da técnica para crescer.
  • 10. VTEX
    A VTEX é uma pioneira na digitalização do varejo no Brasil, com uma plataforma de e-commerce em nuvem ofertada em formato SaaS que visa permitir que qualquer empresa tenha sua loja virtual.

Bolha das startups (o outro lado da moeda)
Enquanto a corrida para se tornar o próximo unicórnio cresce e os números de empresas com o título se tornam exponenciais, há uma vertente de pensadores de tecnologia e inovação que analisam o momento com certo ceticismo. É o caso de Scott Holloway, professor de marketing da NYU, que prevê o declínio de 50% no valor de empresas unicórnio de capital fechado em 2020. Segundo Holloway, essas empresas são como incineradoras, porque queimam dinheiro para comprar crescimento sem perspectivas de obter margens operacionais positivas. Para o professor da NYU, o capital retomará o controle da situação e não se deixará seduzir por líderes carismáticos e narrativas de seus projetos.

O modelo econômico que deu origem às centenas de unicórnios hoje existentes no mundo está sendo questionado cada vez mais.

O que está acontecendo atualmente com as valuations, fundos das venture capitals?

  • Investidores podem comprar a parcela que são dos fundos. A dificuldade disso acontecer aumenta na mesma proporção que o valor de mercado da empresa.
  • Outra forma é aquisição por empresas de maior porte, mas, existe um movimento crescente dessas organizações em desenvolver suas próprias soluções tecnológicas ou financiar startups via corporate venture em vez de comprar aquelas que consideram inflacionadas.
  • Outra alternativa é o IPO (Initial Public Offering) – que representa o lançamento de uma empresa na bolsa de valores -, mas o mercado não se mostra muito confiante nos unicórnios que estão buscando essa alternativa. Ações de empresas como Uber e Slack, por exemplo, tiverem queda de 18% e 47% desde que suas ofertas se tornaram públicas. Um dos casos mais emblemáticos é da WeWork, que cancelou seu IPO pela reação extremamente negativa do mercado ao seu valuation e pelos graves problemas de governança que vem apresentando.
  • Todos esses fatores podem ser responsáveis pela desaceleração no modus operandi atual.

E o mercado brasileiro?
O mercado nacional se diferencia pelo capital escasso e também pelas flutuações violentas na economia, política e mercado, o que nos torna mais resilientes, cuidadosos, e menos dispostos a assumir o modelo de queimar capital violentamente em busca do crescimento a todo custo. Contudo, segundo o estudo da Distrito, esses entraves podem ser positivos, visto que o momento é de incerteza. Ainda assim, é possível que as novas manobras nesse modelo de negócios e investimentos adotem maior cautela no curto e médio prazo.

The Zebra Manifesto — um novo modelo para as startups
O termo Zebra foi cunhado por Mara Zepeda, Aniyia Williams, Astrid Scholz Jennifer Brandel (todas fundadoras de startups) e se aplica à startups dedicadas a resolver problemas do mundo real, construindo negócios sustentáveis e lucrativos que crescem em um ritmo gerenciável, recusando os ciclos habituais de rodadas de financiamento. O movimento, que nasceu nos EUA, tem como princípio negócios mais éticos, inclusivos, colaborativos, e menos agressivos, ou como preferem dizer: “as zebras consertam o que os unicórnios quebram”. Mara Zepeda, em entrevista para a Época Negócios, garante que “o modelo atual está quebrado porque atende a poucos fundadores e empresas”, uma vez que, segundo Mara, prioriza o crescimento exponencial e a liquidez em vez da sustentabilidade e recompensa a quantidade e não a qualidade.

Abaixo você confere um gráfico, criado pela Época Negócios, apresentando os diferenciais entre as startups zebra e as unicórnios:

Fonte: Época Negócios

Inclusão e agendas de diversidades nas startups
Estudo realizado pela Boston Consulting Group aponta que as startups criadas por mulheres recebem, em média, US$ 935 mil em aportes, contra os US$ 2,1 milhões destinados aos homens, mas, que a receita gerada por startups fundadas por mulheres é maior que as startups fundadas por homens (para cada dólar investido em uma startup fundada por mulher, o retorno é de 78 cents aos financiadores contra apenas 31 cents por startups fundadas por homens). Os dados ainda apontam que apenas 1% dos investimentos feitos no mundo são destinados às empresas fundadas por negros ou latinos.

Para baixar o estudo “Corrida dos Unicórnios 2020” da Distrito, acesse aqui.

Renato “Minas” Buiatti é educador e cofounder da How.

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